Dançaterapia e Sagrado Feminino

Pitonisas, as sacerdotisas de Delfos

                                                                                  Sacerdotisa de Delfos (1891), de John Collier;
                                       a pítia se inspirava através do pneuma, os vapores que sobem na parte inferior da tela.

Pítia , do grego Πυθία, Pythía ou pitonisa (serpente) era a sacerdotisa do templo de Apolo na cidade de Delfos, na Antiga Grécia, situado nas encostas do monte Parnaso. A Pítia era amplamente renomada por suas profecias, inspiradas por Apolo, que lhe davam uma importância pouco comum para uma mulher no mundo dominado pelos homens da Grécia Antiga.

O nome Pítia vem de Pytho, que significa serpente, nome original de Delfos na mitologia.

Os gregos derivaram este nome do verbo pythein (πύθειν, “serpente”), assim denominado por causa da sacerdotisa Pítia, que nele profetizava os oráculos, fazendo previsões do futuro ou recitando a vontade de uma divindade.

No Oráculo de Delfos, a sacerdotisa Pítia previa o futuro, recitando a vontade das divindades.Este era um dos mais famosos oráculos do mundo grego antigo, frequentado por grandes personagens da história e por cidadãos comuns que buscavam por conselhos.

Os gregos preocupavam-se em ter uma visão do futuro e o faziam através de rituais religiosos, donde aparecem os oráculos onde mulheres representantes de alta intuição, conhecidas como pitonisas, faziam revelações.

O Oráculo de Delfos
Oraculo-de-Delfos

                                                                                                                                      Imagem: Oráculo de Delfos, no Templo de Apolo, Grécia.

O Oráculo de Delfos, localizado na cidade de Delfos, região central da Grécia, foi um dos mais famosos oráculos do mundo grego antigo. Destino de grandes personagens da história, o Oráculo de Delfos recebera visitas não só de nomes célebres, como Alexandre, o Grande, mas também de cidadãos comuns buscando por conselhos no mais sagrado dos santuários de Apolo.

O mais famoso de todos os templos oraculares da Grécia Antiga, o Templo de Delfos, pertencia originalmente a Gaia, divindade que representa a Terra, que o passou a sua filha Têmis, a primeira pitonisa.

O Templo era guardado pela serpente Píton que vivia perto da Fonte Castalian, a mesma que emanava os vapores que permitiam as predições oraculares.

Têmis, não representa a matéria em si, como sua mãe Gaia, mas uma qualidade da terra, ou seja, sua estabilidade, solidez e imobilidade. Ela é uma deusa que falava com os homens através dos oráculos.

Apolo, que havia aprendido a arte da profecia de Pã, filho de Zeus e Húbris, matou a serpente e tomou o oráculo.

Há pesquisadores que afirmam, no entanto, que Têmis é o próprio princípio oracular, de modo que, em vez de ter havido quatro estágios de ocupação do Oráculo de Delfos, foram só três: Gaia-Têmis, Febe-Têmis e Apolo-Têmis.

Portanto, Têmis tinha máxima ligação com a questão das previsões e representa a boca oracular da terra, a própria voz da terra, ou seja, Têmis é a terra falando.

Para se tornar dono do Oráculo de Delfos, a mitologia grega apresenta Apolo matando Píton, e dividindo seu corpo em dois.

Na mitologia babilônica a morte de Tiamat pelo deus Marduk, que divide seu corpo em dois, é considerada um grande exemplo de como ocorreu a mudança de poder do matriarcado ao patriarcado: Tiamat, a Deusa Dragão do Caos e das Trevas, é combatida por Marduk, deus da Justiça e da Luz. Isto indica a mudança do matriarcado para o patriarcado.

No Século VI foram inaugurados os Jogos Píticos, em comemoração ao fato. O Templo de Apolo foi construído por cima do local, onde a serpente morava, e uma sacerdotisa, a Pítia, foi dotada por Apolo dos poderes proféticos que ele próprio possuía. Antes de consultarem a Pítia, os visitantes deviam fazer oferendas a Apolo para obterem uma resposta satisfatória do oráculo.

Quem eram as pitonisas?

Essas mulheres eram escolhidas das regiões mais pobres da população, pois para os gregos a riqueza impedia a visão do futuro.

Para ser uma pitonisa, a mulher deveria ser casta, ter desapego material e se trajar discretamente.

No início da primavera, pessoas de vários lugares do país vinham se consultar com as sacerdotisas de Apolo. Os chefes de estado consultavam o oráculo antes de entrar numa guerra, os exploradores procuravam orientações para suas viagens e a população em geral queria previsões principalmente sobre saúde e dinheiro.

As pitonisas ficavam sentadas em cadeiras trípodes altas, de frente a uma abertura na terra, de onde saía um gás que as colocava em transe. A partir desse momento elas entravam em êxtase e davam suas profecias.

Os preparativos para o evento eram duros e envolviam jejum de três dias, banho na Fonte Castalian, mastigar folhas de louro e diversos rituais. As mulheres chegavam a ficar dias em transe, mesmo após o fim da experiência.

“Numa espécie de transe mediúnico, as pitonisas pronunciavam as respostas em versos semelhantes aos usados nos poemas Ilíada e Odisséia, de Homero”, relata Fernando Brandão dos Santos, professor de literatura grega da Universidade Estadual Paulista (Unesp), em Araraquara (SP).

As mensagens eram recitadas em versos, muitas das vezes ambíguas e era necessário que sacerdotes as interpretassem.  No Templo de Delfos havia uma mensagem: “Conhece-te a ti mesmo”. Seu objetivo era lembrar aos homens que eles eram mortais e que não se pode mudar seu destino.

Plutarco e outras fontes assinalam que, durante as sessões normais, a mulher que servia como pitonisa estava em um transe suave. Inspirada por Apolo, a sacerdotisa mastigava folhas de louro, árvore sagrada para Apolo, e usava uma taça com água.

Ela sentava-se alinhada no trípode por um tempo considerável, e sendo a fila de pessoas que pediam conselhos longa, uma segunda e até mesmo uma terceira pitonisa a substituía.

Ela podia ouvir as questões e respondê-las de forma inteligível. Durante as sessões oraculares, a pitonisa falava com voz alterada e tendia a cantar as respostas, permitindo-se jogos de palavras e trocadilhos. Após a sessão, segundo Plutarco, ela se parecia com um corredor após uma maratona, ou uma dançarina ao final de uma dança extática.

pitonisia
Imagem: Única representação da sacerdotisa ou pitonisa, de Delfos, da época em que o Oráculo estava ativo, mostra a câmara de teto baixo e a pitonisa sentada em um trípode. Em uma das mãos ela segura um ramo de louro( a árvore sagrada de Apolo); na outra ela segura uma taça contendo,provavelmente, água proveniente de uma fonte, e que penetrava, borbulhando, na câmara, e que trazia consigo gases que levavam a um estado de transe.Esta cena mitológica mostra o rei Egeu de Atenas consultando a primeira pitonisa, Têmis. A peça foi feita por um oleiro ateniense em torno de 440 a.C.

Historiadores afirmam esses vapores exalados do templo serem bastante perigosos e apenas a profetisa é quem podia respirá-lo. Pastores e simples mortais poderiam chegar a cometer o suicídio caso o respirassem por acaso antes de Pítia.

Mas era preciso que esta fosse pura, virgem e mantivesse uma vida sadia pois só assim seria possível receber a inspiração divina sem sofrer consequências. O espírito da Pítia deveria estar disponível, calmo e sereno para que a possessão pelo deus não fosse rejeitada. Se isso acontecesse, estaria ela sob risco de morte.

O oráculo délfico foi fundado no século VIII a.C. e a última resposta registrada aconteceu em 393 d.C., quando o imperador romano Teodósio I ordenou que os templos pagãos encerrassem suas operações. Esse oráculo era uma dos mais respeitados e confiáveis do mundo grego.

A importância do Oráculo nas tomadas de decisões

Entre os séculos VI e IV a.C o Oráculo chega em seu auge de importância. Nesse período ele influenciou diretamente as decisões políticas da Grécia Antiga através das consultas que grandes líderes realizavam a ele. Assim, as respostas dadas – que eram, muitas vezes, enigmáticas – aconselhavam na tomada de decisões.

Foi graças ao Oráculo que diversas guerras aconteceram e deixaram de acontecer, construindo a História como é conhecida. Podemos ver a importância do oráculo nas Guerras Médicas, que aconteceu entre os gregos e persas contada por Heródoto no Livro VII de sua obra Histórias. Nele, cita que o general ateniense Temístocles decidido a entrar em guerra consulta a Pítia buscando receber uma mensagem de estímulo. O que recebe como resposta, entretanto, foi o seguinte:

“Ó infelizes, por que permaneceis ainda sentados?Fugi daqui

Para os confins da Terra e para longe das alturas da cidade circular

Pois não permanece a cabeça nem o corpo

Nem embaixo os pés nem mãos ou partes médias,

Mas irão juntos, pois o fogo os devorará e Ares bravio, condutor do carro sírio.

Também outras fortalezas ele destruirá, não apenas a tua;

Ao fogo ardente oferecerá numerosos templos dos deuses,

Daqueles deuses que hoje ainda permanecem e gotejam o suor

E se empalidecem de pavor; pois alto, das cumieiras dos templos

Escorre sangue escuro, sinal da desgraça ameaçadora.

Portanto, abandonai as câmaras sagradas e tende coragem na infelicidade”

Essa mensagem desanimou os líderes atenienses. Tímon, homem conceituado em Delfos, os aconselha a consultarem novamente o Oráculo, levando ramos de oliveira – símbolo dos que pedem por proteção. Recebem então outra resposta:

“Mesmo Palas não consegue abrandar o Zeus Olímpico,

Mesmo pedindo e implorando com palavras e conselho sagaz.

Mas a ti digo eu ainda uma palavra, forte como aço:

Todo o resto abandona o inimigo, tudo o que as muralhas de Crécrops

E os desfiladeiros do Citereu, a montanha sagrada, compreendem

Apenas incólume a lígnea muralha concede o senhor Zeus

À tua Tritogênia, para ti e tuas crianças em proveito.

Não espera pelas multidões de cavaleiros e de infantes,

Que se aproximam por terra; não permanece tranquilo não!

Volta-lhes as costas e escapa: depois poderás te colocar contra eles.

Divina Salamina, tu, tu destróis aos filhos das mulheres,

Quando os frutos de Deméter são espalhados ou amarrados.”

A segunda mensagem os deixou mais animados. Porém o povo ateniense teve dúvida na compreensão da passagem  “Divina Salamina, tu, tu destróis aos filhos das mulheres.”, ficando sem compreender sobre se Atenas deveria ou não adentrar na Batalha de Salamina.

Apenas com o auxílio de sacerdotes que interpretavam oráculos foi que os atenienses se organizaram para entrar em guerra, já que a Pítia falara em uma divina batalha de Salamina.

E de acordo com os historiadores, na guerra obtiveram a vitória!

Texto e adaptações: Diana Arássad

Fontes: 

https://pt.wikipedia.org/wiki/P%C3%ADtia

http://www.infoescola.com/mitologia-grega/pitonisa/

http://www2.uol.com.br/sciam/reportagens/a_fonte_do_poder_no_oraculo_de_delfos.html

https://pt.wikipedia.org/wiki/Or%C3%A1culo_de_Delfos

http://www.girassolviagens.com/o-oraculo-de-delfos/

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